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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Este som maravilhoso que vem da guitarra.... (Parte 3) - Entenda os pedais de efeitos - por Elvis Almeida



Índice com todos os artigos da série sobre o timbre da guitarra


Aprofunde-se mais no tema, lendo todos os artigos da série:

Parte 1: Introdução - Visão Geral
Parte 2: Conhecendo o Instrumento (Guitarra)
Parte 3: Os Efeitos (pedais, pedaleiras e racks)
Parte 4: Os Amplificadores de Guitarra



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Como é produzido o som da guitarra?


Parte III – Efeitos


Dando sequência ao nosso estudo e nossa busca do timbre perfeito (e seguindo o caminho do som), abordaremos os efeitos utilizados na guitarra.

Já dissemos que o som nasce no instrumento, seguindo para os efeitos e depois para o amplificador. Adicionalmente, existem efeitos que funcionam melhor depois da etapa de pré-amplificação e são adicionados através do loop de efeitos do amplificador. Isto é um assunto complexo e creio que podemos até redigir um artigo específico para este fim.

Pois bem, na etapa de efeitos, o som “puro” da irá sofrer modificações que proporcionarão inúmeras possibilidades de criação do guitarrista. Assim, a criatividade do músico não está somente na escolha das notas a serem tocadas, mas também em como estas notas irão soar.

Por isso a compreensão dos efeitos, seu funcionamento e possibilidades, é uma importante ferramenta de composição. Imagine o riff de introdução da canção Money for Nothing da banda Dire Straits sendo tocado sem distorção. Soaria pra lá de estranho, não acha?

 Antes de esmiuçarmos os efeitos, cabe abrir um parêntese para diferenciar os multiefeitos do módulos individuais. Como exemplos de cada um, estão as pedaleiras e os pedais (stompboxes). Os efeitos também se dividem em analógicos e digitais. Há um bom tempo as pedaleiras concentram seus efeitos na tecnologia digital, se tornando quase que um sinônimo. Os pedais, em sua maioria são analógicos, porém existem uma grande gama de pedais digitais, especialmente na categoria “âmbiencia”. Atualmente as opções são variadíssimas, sendo que muitos pedais e multiefeitos de qualidade mesclam o que há de melhor em ambas tecnologias. Relembrando que isto tudo também entra na questão do gosto de cada um. Tem gente que prefere o digital, outros o analógico. No meu caso, tem efeitos que gosto mais do digital e outros (para mim) ficam melhor sendo analógicos.

Vou comentar sinteticamente o funcionamento dos principais grupos de efeitos, não exatamente na ordem em que eles costumam ser ligados, mas na minha opinião, na ordem de importância no setup e na evolução da guitarra.

A propósito, caso deseje aprofundar no assunto ordem dos pedais no setup, eu recomendo a leitura de outro artigo meu no seguinte link:

http://www.centraldorock.com.br/2011/06/qual-ordem-correta-dos-pedais-de-efeito.html

Distorção/Overdrive


Não há diferença técnica entre distortion e overdrive, sendo muito mais uma designação dos fabricantes para separar efeitos low, mid e high gain. Normalmente, chamam os pedais de ganho baixo a médio de overdrive, e de distortion aqueles com ganho médio a alto.

O drive (genericamente falando) surgiu originalmente nos amplificadores valvulados, que em alto volume produziam uma distorção muito agradável aos ouvidos. Então aquilo que era considerado ruído para outros instrumentos, era algo desejado pela galera das 6 (seis) cordas.

O som distorcido vinha do fato de que com a saturação do amp a onda sonora ficava quadrada. Portanto, é justamente isto que os pedais de drive faz, ou seja, reproduz (pelo menos tenta) o achatamento da onda sonora, através de duas etapas: a) saturação; e b) clipagem. Na etapa de saturação, o pedal vai amplificando o sinal até níveis mais altos que o original e na etapa de clipagem (normalmente com diodos), “quebra” o topo da senoidal, deixando a onda quadrada.

Cabe abrir um parêntese quanto ao pedal Fuzz. Apesar de ser um pedal de drive, originalmente seu circuito não possuía diodos de clipagem. Nos modelos clássicos, p.ex., o achatamento decorria exclusivamente da saturação, ou seja, excesso de ganho, mas hoje em dia é praticamente impossível distinguir os dois, a menos pelo timbre (geralmente o Fuzz é mais sujo e com mais grave). Você deve se perguntar: então ele possui timbre semelhante aos drives valvulados? Pior que não. Apesar de utilizar o método, o silício e o germânio amplificam de forma diferente da válvula e isto tem profundo reflexo nos harmônicos e nas frequências amplificadas.

Conclusão sobre os Drives


 Pois bem, atualmente existe uma enorme quantidade de modelos de pedais de drive (seja fuzz, distortion ou overdrive) tanto por necessidades mercadológicas dos fabricantes, como pela própria evolução dos circuitos. Está na moda os simuladores de amplificadores, que tentam reproduzir o mais fielmente possível o som dos drives de amplificadores famosos. Seja lá qual for a sua opção, é importante destacar que as distorções solid state ainda são muito diferentes das valvuladas. Mesmo os simuladores mais famosos (que tiveram mais investimento tecnológico para a reprodução do timbre) ainda sofrem da degeneração ocorrida pela conversão AD/DA (Analógico-Digital/Digital-Analógico). A tendência é que com a evolução dos circuitos, esta diferença fique cada vez mais imperceptível aos ouvidos humanos, mas isto é matéria para um outro artigo.

Post Scriptum:
A respeito dos pedais de distorção, posteriormente escrevi um artigo com dicas de como escolher seu pedal e para isso expliquei mais detalhadamente as características dos drives. O artigo pode ser lido aqui:
http://www.centraldorock.com.br/2012/02/dica-como-escolher-seu-pedal-de.html

Filtro/Equalização


Durante minha carreira (de quase 20 anos de música) nunca tive um pedal equalizer. Sempre achei mais fácil equalizar no amplificador e nos próprios pedais. Por causa disso sempre dei preferência a pedais de distorção que tivessem pelo menos 2 (dois) controles de tom.

O pedal equalizador, via de regra, é um filtro ativo e passivo que atua na onda sonora, tanto reforçando como cortando as frequências de acordo com a regulagem. Obviamente, um bom pedal equalizer irá lhe proporcionar muitas variedades de timbres, permitindo ajustes mais dinâmicos e precisos ao seu timbre, que somente a equalização dos demais pedais e amplificador não poderá oferecer. Na minha opinião, sua conveniência também se justifica quando o guitarrista tem a necessidade de equalizar o timbre também em sons limpos. No meu caso nunca precisei, pois quase sempre usei timbres distorcidos do próprio amplificador, mas tem muito guitarrista que precisa e recomenda.

Outro exemplo de pedal de filtro (este sim eu considero indispensável) é o wah-wah. Neste tipo de pedal reforço/corte de frequências ocorre quando o guitarrista atua em um pedal mecânico, lembrando muito o som do choro de um bebê. Não é à toa que a Dunlop chamou seu pedal de Cry Baby.

Ambiência


Os pedais de ambiência simulam situações onde o ambiente irá refletir a onda sonora, mais conhecidos como reverberação e ecos.

Os ecos são reproduzidos pelos pedais de echo e delay, enquanto que a reverberação, como o próprio nome diz será reproduzida nos pedais de reverb.

O reverb, inicialmente era confeccionado com molas e uma bobina. Como o dispositivo na época era grande, impossível de caber dentro de uma pequena caixa, logo os fabricantes de amplificadores se “apropriaram” do reverb e começaram a adicioná-lo direto em seus circuitos e acondicioná-los em seus gabinetes (seja cabeçote ou combo). Já o delay, originalmente funcionava com uma gravação em fita que depois era reproduzida em certo intervalo. Como tal dispositivo demandava de complexos cabeçotes de gravação e reprodução do áudio, também era praticamente inviável colocar um delay na pedaleira. Foi com a evolução da eletrônica e dos circuitos integrados, que estes pedais entraram para o rig de diversos guitarristas. A partir da década de 70 e 80, popularizaram-se os circuitos semicondutores que conseguiam (entre outras coisas) reproduzir o som de um eco e o efeito da reverberação. Na sequência surgiram também os reverb e delay digitais. O interessante é que no caso da ambiência a aceitação do efeitos digitais foi muito maior que de outros. Digital Reverb e Digital Delay são pedais extremamente populares hoje em dia.

Modulação


Os pedais de modulação mais conhecidos são: chorus, phaser e flanger. O chorus dobra o sinal, desafinando levemente a segunda onda sonora para dar o efeito de mais de um instrumento tocando (há pedais com 2, 3 e até muito mais dobras). É comum encontrarmos nestes pedais pelo menos dois controles, quais sejam rate (velocidade da desafinação) e depth (profundidade/quantidade de desafinação). Além desses controles, existem pedais que possuem controles para aumentar/diminuir a quantidade de vozes, nível (volume) do som, filtros de equalização (tone)... etc.

O phaser duplica a onda original e a reproduzem com atraso e inversão de fase. Isto faz com que haja somas e cortes em intervalos irregulares, dando um efeito psicodélico.

O flanger é como se fosse a fusão do chorus + phaser. Além do que neste caso o sinal duplicado e desafinado é realimentado e somado à original em forma de loop gerando a sensação de um turbina à jato. Outra diferença em relação ao phaser é que o flanger realiza a soma e o corte em intervalos regulares, além do controle de ressonância que pode transformar o pedal quase que num chorus se for colocado no mínimo.

Sem entrar na discussão de tremolo ou vibrato, creio que existem dois tipos de efeitos nesta categoria. O pitch tremolo e o level tremolo. O primeiro é um pedal de modulação por excelência, pois realiza a desafinação da nota com a profundidade e velocidade desejada pelo guitarrista. Mas qual a diferença entre ele e o chorus? Acontece que o chorus e o flanger adicionam o efeito à onda original somando-se a esta. Já o pitch tremolo não, pois na saída tem apenas o som alterado. Já o level tremolo, na minha opinião é um efeito de dinâmica, nosso próximo tópico.

Poderíamos dizer também que existe também o eq tremolo, que alteraria a equalização (tone) em intervalos predefinidos, é o exemplo do auto wah. Mas creio que neste caso, a exemplo do wah-wah, seria um pedal de filtro/equalização como já explanado.

Dinâmica


Nesta categoria, o mais famoso é o pedal compressor. A compressão nada mais é que elevar o volume dos trechos mais baixos igualando a amplitude da onda pelo nível mais alto (e regulável pelo botões do pedal). O resultado é um som “gordo” e sem quedas. Uma das consequências desta ação do pedal é aumentar a sustentação das notas. Na via contrária existe a função limiter, que corta o volume dos trechos mais altos igualando a amplitude pelo nível mais baixo. É o revés do compressor. É comum nos pedais e racks as duas funções em uma única unidade.

Outro pedal famoso que pode ser encaixado nesta categoria não é exatamente um efeito, mas é muito mais um controle. Estou falando do pedal de volume. Com ele você controla o nível do sinal de toda a cadeia de pedais ou apenas de uma etapa dos mesmos.

Como dissemos no tópico anterior, existe também o level tremolo, que altera o volume com a variação de amplitude e velocidade desejada pelo guitarrista, neste caso sem desafinar a nota. Muitos amplificadores antigos possuíam este efeito integrado.

Conclusão


Pois bem, existem hoje no mercado, uma infinidade de pedais, muitos deles tão sofisticados que poderiam se encaixar em outra categoria diferenciada. Existem também pedais que são misturas de duas ou mais categorias ou efeitos, produzindo uma sonoridade também única.

Não poderia encerrar o artigo sem falar dos pedais de boosters. Neste caso dependendo do tipo de boost de cada pedal, ele se encaixará numa ou noutra categoria. Se for boost de ganho, poderá se encaixar na categoria distorção. Se for de volume, poderá ser na dinâmica. Se for de boost de frequência, se enquadrará na categoria de equalização.

Sobre pedais de boost, recomendo a leitura de outro artigo meu no link abaixo:

http://www.centraldorock.com.br/2011/06/pedais-de-boost-boosters-como-funcionam.html

O objetivo é ter uma visão geral dos efeitos muito mais por suas categorias. Tendo a compreensão geral fica mais fácil entender o funcionamento específico de cada efeito, principalmente as especificações técnicas do fabricante.

Na quarta e última parte falaremos sobre o último estágio do som antes de chegar aos nossos ouvidos, os amplificadores.

Um abraço e até o próximo artigo!


Elvis Almeida
http://www.elvisalmeida.com




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