Desta vez, escreverei sobre um pedal que me surpreendeu demais, o Danelectro FAB Metal modelo D-3, uma pequena
stompbox com um
punch de "cair o queixo".
Não subestime este pedal pelo seu preço (em torno de R$ 60,00), que chega a ser mais barato que muito
handmade feito em lata de sardinha.
O pedal é montado num gabinete de plástico usinado que lhe confere uma aparencia muito bacana, bem
vintage. Mas
vintage é só a aparência, pois a distorção produzida por ele é bem moderna,
high gain e encorpada.
Há mais de dois anos venho publicando Reviews de pedais e outros equipamentos. Em muitos pedais de
overdrive/distortion, tenho me queixado da falta de sensibilidade e compressão para ligados. Isto não ocorre com o FAB Metal, com o controle de
Gain no meio (50% ou 12 horas), os ligados já saem firme e com compressão suficiente para solos. Em cerca de 75%, o
punch e a compressão deste pedalzinho chega a ser monstruoso, comparando com outros pedais da categoria.
Recentemente publiquei um artigo sobre como escolher um pedal de
drive, ao qual remeto o leitor, pois será muito importante para compreender os aspectos analisados aqui. Veja o link:
http://www.centraldorock.com.br/2012/02/dica-como-escolher-seu-pedal-de.html
Remissão feita, vamos a uma análise mais detalhada:
I - Robustez/Durabilidade:
Apesar de ser confeccionado em plástico usinado, sua construção transmite muita confiança. É óbvio que não será tão resistente como se tivesse uma chave DPDT de aço de altíssima qualidade, ou tivesse gabinete de metal, como ocorre com os pedais Marshall. Por isto mesmo, não obterá nota máxima, mas façamos justiça, por R$ 60,00 (sessenta reais) a construção supera as expectativas.
II - Equalização:
Apesar do circuito tonal interferir no timbre mesmo com ajuste em 12 horas, já que não há bypass de equalização, percebe-se que sua equalização fixa é bem puxada para sons mais pesados, concentrando-se em espectros que valorizam o som
scooped do Metal. Ajustando a equalização em 12 horas, percebemos um timbre voltado para médios, mas sem exageros. Girando em sentido anti-horário, o timbre tende a ficar bem
scooped, "matando os médios" e valorizando os graves e agudos. No sentido horário, o timbre caminha para os médio-agudos e agudos. Apesar da equalização possuir apenas um controle de
tone, a atuação do mesmo foi cuidadosamente planejada para dar o máximo de possibilidades dentro do estilo Heavy Metal, é claro. O mínimo ajuste já interfere no resultado. Por isso, recomendo muita paciência na hora de "timbrar".
III - Nível de Distorção/Controle de Ganho:
Neste ponto, esclarece-se que mesmo no mínimo o pedal irá distorcer. O ajuste de ganho não interfere no volume final do pedal, típico de um pedal que não é destinado a ser usado como
booster. Seu alto ganho, assim como sua equalização, demonstra sua vocação, qual seja, sons pesados. Seja Heavy, Trash ou Death Metal, o D-3 tem ganho suficiente para levar o som das principais bandas desses estilos.
IV - Definição do Drive:
Não chega a ser um pedal com drive "estratosférico", o famosíssimo Metal Zone distorce muito mais. Mas mesmo com
drive bastante
high gain, com os ajustes certos do pedal e do amplificador, a clareza da distorção é digna de nota, sem deixar o som muito abelhudo ou irritante. Assisti diversos vídeos na Internet com este pedal, e parece até outro. Nos vídeos o som é estridente e cansativo, lembrando um "enxame de abelhas". Creio que tudo é uma questão do amplificador e sua equalização. Amplificadores com altofalantes menores tendem a produzir um som mais agudo e estridente. Quanto ao ruído, não posso dizer que seja ultrasilencioso, mas também
não é barulhento. Para mim só incomodou com o ganho (Drive) no máximo, e
mesmo assim, somente ao parar de tocar. Durante a performance, sequer
dá pra perceber. Ou seja, está dentro da normalidade para um pedal
distortion focado em sons pesados.
V - Resposta e Granulação do Drive:
A resposta do pedal é muito rápida, o que facilita bastante para
riffs rápidos e pesados. Quanto à granulação derivada da clipagem da onda, é rápida o suficiente para ter uma resposta legal, porém é recomendável muito cuidado na equalização para não deixá-la abelhuda, pois está longe de uma granulação de um
overdrive low gain.
VI - Equipamentos utilizados:
Para os testes, utilizei meu amplificador 100% valvulado Black Cat Bone da Tubeamps ligado numa caixa Landscape SPDT-112 e também um combo transistorizado Hughes
& Kettner. Em ambos o resultado foi bem parecido, exceto quanto à equalização e harmônicos, distintas em cada amplificador. Utilizei também as guitarras Les Paul, Explorer e Axis da Strinberg, todas com captadores duplos, o que ajuda a obter mais ganho. Mas creio que numa Strato seu ganho também será forte, porém mais propenso a ruído.
Pra quem é destinado (recomendado)?
Se você quer timbres clássicos, com saturações leves à médias... quer uma distorção com muita dinâmica e baixa compressão, para valorizar sua expressão quando palheta com mais ou menos força, FUJA DESTE PEDAL!!! (Risos).
Tanto a cor do pedal, como seu nome, não deixam dúvida que o equipamento é destinado para o guitarrista de Heavy Metal e afins, que gosta de muita compressão e ganho. O fabricante foi honestíssimo neste sentido.
Desta forma, no quesito versatilidade, sua atuação é exclusivamente para sons pesados. Sua utilização como
booster também é limitada, dá no máximo para combinar seu drive com um
crunch do canal limpo do amp, ou com um pedal
low gain. Se misturar com outros
drives mais fortes, a definição (seu ponto forte) se perderá quase que por completo.
Obviamente, o gosto de cada um é condição
sine qua non para a escolha do equipamento, sendo que este, ou qualquer outro Review, serve apenas como um norte para o guitarrista. Mas pode-se afirmar com convicção de que é um pedal recomendadíssimo para os guitarristas de Heavy ao Death Metal, que não desejam gastar enormes quantias com pedais.
Pontos positivos:
o ponto mais positivo deste pedal é o preço. É dificílimo encontrar um pedal
high gain, com definição e alta compressão mais barato que o FAB Metal. Isto faz elevar muito seu custo-benefício, que só pode receber nota máxima. O
design e tamanho compacto, também é um diferencial.
Pontos negativos: se levarmos em conta o preço tão reduzido, praticamente nenhum dos pontos negativos é digno de nota. A falta de versatilidade é compensada pelo valor baixo, pois lhe sobre dinheiro para mais pedal
overdrive com ganho leve para aumentar as possibilidades. O gabinete de plástico também é perdoado pelo preço (se estragar, dá pra comprar outro rápido, sem sacrifícios). Se o pedal durar 1 (um) ano ele se paga e sobra. Mais de um ano é só lucro (risos).
Conclusão:
No geral, o pedal cumpre bem o seu papel e possui excelente custo-benefício. Para mim foi uma ótima surpresa da marca Danelectro, que o mercado brasileiro, sem qualquer razão técnica, infelizmente tem olhado com desconfiança. Lógico que tudo não escapa ao
gosto pessoal e da qualidade geral de todo seu equipamento. Não é demais repetir que o pedal é recomendado para Heavy Metal e congêneres, escapando de seu alcance estilos mais leves.
NOTAS (de 1 a 10):
Design/Aparência:
9
Construção/Robustez:
7
Ruído:
7
Controles:
8
Definição/timbre:
9
Sensibilidade/Compressão:
10
Versatilidade:
4
Custo-benefício:
10
MÉDIA/NOTA FINAL: 8,0
PONTUAÇÃO: Péssimo (1-2), Ruim (3-4), Bom (5-6), Ótimo (7-8), Excelente (9), Excepcional (10)
Obs.:
Vale lembrar que um equipamento cuja MÉDIA/NOTA FINAL fique em 6,0 até 7,9 pode ser considerado um equipamento satisfatório, e com pontuação de 8,0 em diante, poderá
ser classificado como de uso profissional.
Um abraço!
Elvis Almeida
www.elvisalmeida.com
PARA VOCÊ:
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Desta vez, analisarei o pedal valvulado handmade Hot Box fabricado pela EFX Pedais.
Sobre a EFX e Eugênio (handmaker e proprietário), gostaria de destacar inicialmente que a negociação foi super transparente e tranquila. Produto chegou dentro do prazo e muito bem embalado.
Quanto ao equipamento, as primeiras impressões que tive do pedal foram:
I- Robusto (apesar das válvulas expostas);
II- Dimensões e disposição das chaves bem planejadas.
Quanto ao som, ligando no meu amplificador Black Cat Bone da Tubeamps, com o ganho no máximo o som embolou um pouco. Talvez isto tenha acontecido, pelo fato das válvulas do preamp do BCB já trabalharem sem folga. Ligando em um transistorizado Hughes & Kettner, o pedal comportou-se diferente e mesmo com o ganho no máximo, ficou claro e definido.
A quantidade de ganho, que produziu um timbre mais aveludado e orgânico, foi ajustado em 50%. Opa… e pra quem gosta de um timbre mais pesado?
No meu equipamento a combinação que deu um som pesadíssimo, foi adicionar um crunch mais forte no amplificador (no caso do BCB em torno de 60%) aos 50% de ganho do pedal. Ficou animal!!!
Quanto ao Clean, é uma pena ele não sofrer os efeitos da equalização (grave e agudo), pois aumentaria as possibilidades de configuração. Entretanto, ele possui um timbre bastante brilhante que lembra um pouco um Blackface. Usando o Clean do pedal com mais ganho, serviu também como um excelente boost para meu amplificador.
O leitor deve estar questionando: dá pra tocar AC/DC, Iron Maiden, Metallica?
É claro que sim. Obviamente o resultado irá variar um pouco de um equipamento para outro, mas em geral seu ganho é suficiente para estilos clássicos e modernos. É importante salientar que não é um pedal com ganho estratosférico. Para tocar estilos extremamente pesados será necessário combinar com drives externos como expliquei acima.
Concluindo, é um pedal recomendadíssimo para quem curte uma pegada mais vintage, porém não abre mão de um ganhozinho a mais. Pra quem busca versatilidade e gosta de fazer combinações com outros drives (de pedais ou do amplificador) é uma preciosa ferramenta. No meu caso, foi como se eu transformasse meu amp (que só tem um canal) em 3 canais valvulados com diversas variações (Clean/Crunch – Hot Box desligado; Clean/Crunch vigoroso – com o clean do pedal ativado; Drive/High Gain – com o canal hot do pedal ativado sozinho ou com crunch do amp).
Pontos positivos: o ponto mais positivo deste pedal é a versatilidade, pois, afinal são dois canais valvulados. O preço (R$ 420,00) também é muito bom, principalmente comparando com V-Twin e Dr. Drive (principais concorrentes de dois canais). Os controles de equalização do canal Hot também contribuem para a versatilidade. Imagine só se ainda tivesse um controle de médios! O baixíssimo nível de ruído, também é outro ponto positivo importante. A otimização da distribuição das chaves e e controles, permitindo uma apresentação compacta para um pedal valvulado de dois canais, também é um destaque positivo.
Pontos negativos: este pedal é uma réplica do original feito pela Matchless com algumas melhorias. Fica a sugestão para a EFX projetar uma mod que fizesse o canal Clean passar pela equalização, tal qual o canal Hot (Drive). As válvulas expostas dá um efeito visual interessante, mas expõe ao risco de quebrá-las no transporte, apesar de todo o restante transparecer muita robustez. Se não fosse isso, seria nota 10 neste quesito.
No geral, o pedal cumpre bem o seu papel é possui ótimo custo-benefício. Lógico que tudo depende do seu gosto pessoal e da qualidade geral de seu equipamento.
NOTAS (de 1 a 10):
Design/Aparência: 8
Construção/Robustez: 8
Ruído: 9
Controles: 9
Definição/timbre: 9
Sensibilidade: 9
Versatilidade: 10
Custo-benefício: 9
MÉDIA/NOTA FINAL: 8,88
PONTUAÇÃO: Péssimo (1-2), Ruim (3-4), Bom (5-6), Ótimo (7-8), Excelente (9), Excepcional (10)
Obs.: Vale lembrar que um equipamento cuja MÉDIA/NOTA FINAL fique acima de 6 pode ser considerado um equipamento satisfatório, e acima de 8 poderá ser classificado como de uso profissional.
Um abraço!
Elvis Almeida
www.elvisalmeida.com