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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A grande batalha: Valvulados X Transistorizados - Parte 3 - Central do Rock - por Elvis Almeida


Índice com todos os artigos da série "A Grande Batalha"


Aprofunde-se mais no tema, lendo todos os artigos sobre o duelo Transistorizados X Valvulados:


Parte 1: A fonte de energia dos amplificadores de guitarra
Parte 2: O Circuito Pré-amplificador
Parte 3: O Circuito de Power (Potência)


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Pelos poderes de Greyskull, eu tenho o POWER!!!


Antes de adentrarmos o power propriamente dito, queria destacar que nesta sequência de artigos não irei abordar a fase inversora dos amplificadores.

Isto pelo fato de ser um assunto muito técnico e principalmente porque seja valvulado ou transistorizado, não é neste estágio que as diferenças sonoras são marcantes.

Também não irei abordar o tone stack, pelo mesmo fato. Quanto às classes de amplificação, vou explicar somente as classes A, B e A/B, pois são indispensáveis para o entendimento da etapa de potência nos amplificadores de guitarra. Existem outras classes usadas atualmente em PA's e som automotivo (classe A/D, também chamada de potência digital), mas não nos interessam neste momento, pois ainda não são usados para amplificação de guitarra.

Creio que o estágio da inversora e o tone stack ficariam melhor em artigos separados, para comentarmos suas particularidades.

Então vamos lá. Que venha as classes de operação dos amplificadores!

a) Amplificador Classe A


Nesta classe de amplificação de potência, a válvula é responsável por amplificar a onda inteira, ou seja 360º. Outra questão importante na classe A é que, havendo ou não signal, a corrente continua passando. Este tipo de power não descansa... trabalha o tempo todo. Nos dizeres de Robert Megantz:

"Quando não há sinal, há corrente contínua quiescente fluindo. Um sinal de corrente alternada (sinal de áudio) na grade faz esta corrente variar, mas ainda existe sempre alguma corrente que flui. Isto é conhecido como operação classe A". (MEGANTZ, Robert. Design and Construction of Tube Guitar Amplifiers. TacTec Press, p. 60, sem tradução para o português até o momento)


b) Amplificador Classe B


Já neste caso, cada válvula amplifica 180º da onda sonora. Além disso, a amplificação só ocorre quando há sinal na entrada do power, diferente do que ocorre com o Classe A. Megantz assim conceitua esta classe:

"Na operação classe B a válvula de saída é polarizada em corte, por isso não há corrente contínua de repouso. Quando a tensão AC na grade é positiva, a corrente flui. Quando a tensão AC na grade é negativa, nenhuma corrente flui. Assim, a válvula trabalha como uma rectificadora, permitindo apenas a metade da onda de entrada passar." (MEGANTZ, Robert. op. cit., p. 60)

Portanto, a classe B é muito mais eficiente, pois não há consumo em repouso, e como cada válvula cuida apenas de um pedaço da onda, é possível conseguir muito mais potência com menos válvulas.


c) Amplificador Classe A/B


O problema da operação classe B é que mesmo pares casados de válvulas, não são completamente idênticas. Esta diferença mínima é suficiente para que a "cola" de uma parte da onda (ciclo positivo) com a outra (ciclo negativo) gere uma distorção inaceitável em amplificadores de áudio. Não se trata da distorção proveniente da saturação. Esta última é até muito desejada. Mas como a "emenda" não fica perfeita, o que se gera são apenas ruídos.

Por isso os engenheiros desenvolveram a classe A/B. Nesta classe cada ciclo é amplificado com uma pequena sobra. Não são exatos 180º, mas uns 190º aproximadamente. Assim, a emenda da onda sonora fica perfeita, sem qualquer ruído e praticamente com a mesma eficiência da classe B.

Acho que fui técnico demais (risos)... a partir deste ponto, o texto fica mais agradável.

E daí... os circuitos sólidos funcionam com as mesmas classes, qual seria a diferença?

As observações quanto às classes são pertinentes para entender qualquer amplificador seja valvulado ou transistorizado. As diferenças de operação que os distinguem serão abordadas em seguida.



Mas qual a principal diferença entre amplificação de potência valvulada e transistorizada?


Além do fato da amplificação ser feita de maneira diferente, a resposta pode ser resumida em "Fidelidade".

Você deve estar pensando que o valvulado é preferido por possuir mais fidelidade que o transistorizado... mas é justamente o contrário. Por incrível que pareça, é a falta de fidelidade do valvulado que o consagrou. Assim, como o overdrive foi um efeito colateral que caiu no gosto popular, a saturação do power valvulado é um desejo de tantos guitarristas. 

Outra questão importante, é que o power transistorizado amplifica todos os harmônicos da nota, pares e ímpares. Isto tem um efeito pejorativo na sonoridade. É que os harmônicos ímpares tendem a anular os pares e vice-versa. É por isto, que achamos o som transistorizado "magro" e "opaco".

Contudo, devido ao seu peculiar funcionamento, via de regra, a válvula amplifica somente os harmônicos pares, de forma que estes vão se somando à nota principal, deixando o som "gordo" e "brilhante". 

Por fim, é importante dizer que a saída transistorizada possui baixas impedâncias permitindo a ligação direta com os alto-falantes. Já a saída valvulada, possui impedâncias tão altas que é necessário utilizar um transformador de output para poder acoplar os alto-falantes.

Desta necessidade de compatibilizar as impedâncias, acabou surgindo diversas técnicas de enrolamento dos trafos (transformadores) de saída, sendo a configuração E/I uma das mais usadas. Esta configuração consiste em usar chapas no formato das letras "E" e "I". Mas o tipo de metal usado, o jeito de enrolar as bobinas do trafo... etc., influenciam demais a sonoridade. Então, o power valvulado, possui ainda esta particularidade e possibilidade. Dá pra personalizar o timbre também mudando o trafo de saída.

Conclusão


Por tudo que foi dito nesta rodada de artigos sobre amplificadores, percebe-se que não se trata de dizer qual é o melhor, mas sim de qual gostamos mais.

Em questão de fidelidade de amplificação, o solid state é até mais preciso que o valvulado. Mas o som que transformou a guitarra elétrica em um instrumento novo é justamente aquele que:

a) "Arria" gerando compressão;
b) satura o preamp gerando overdrive;
c) corta os harmônicos ímpares, sobressaindo os pares;
d) satura o power dando mais punch ao som.

Tudo isto seria defeito, mas foi responsável por criar um novo instrumento. O amplificador valvulado talvez seja o principal responsável pela separação da guitarra elétrica e guitarra acústica.

Todas as tentativas em reproduzir o timbre valvulado nos transistorizados, teve um efeito contrário, qual seja, destacou mais ainda as diferenças entre eles. Isto não quer dizer que os transistorizados são ruins. Para sons limpos, por exemplo, os transistorizados dão um show. E é por isso que muitos guitarristas que utilizam som limpo, preferem transistorizados como Roland Jazz Chorus, principalmente por sua robustez.

Para guitarra acústica (violão), por exemplo, o transistorizado é praticamente o padrão de mercado, justamente por reproduzir "fielmente" o som do violão.

Outra coisa importante a se dizer é que, se na época em que necessitou-se amplificar o violão,  houvesse fidelidade, é provável que os sons distorcidos sequer existissem.

O técnico da Tubeamps, Sr. Manolo, sempre diz: "não é que os amplificadores valvulados são melhores, é que gostamos mais deles".

Espero que os artigos tenham úteis para a compreensão da amplificação de guitarra. Futuramente abordaremos outros temas correlatos.

Um abraço e até a próxima.


Elvis Almeida


Revelado o novo método para aprender a tocar guitarra sem sair de casa

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